Goianésia do Pará: Ocupação empregatícia da população por bairro
Pesquisa dos Bairros.
Bairros Visitados | ||||||
Empreendimento Empregador: |
Centro |
Santa Luzia |
Novo Horizonte |
Santo Amaro |
Rio Verde |
Total |
Serraria |
07 |
10 |
09 |
02 |
– |
28 |
Prefeitura |
01 |
05 |
05 |
– |
– |
11 |
Agricultura |
– |
02 |
06 |
– |
– |
08 |
Outros |
07 |
07 |
10 |
01 |
– |
25 |
Autônomo |
01 |
02 |
01 |
01 |
01 |
06 |
Desemprego(a) |
05 |
03 |
09 |
01 |
– |
18 |
Aposentado(a) |
03 |
03 |
01 |
– |
– |
07 |
Nº Visitados |
24 |
32 |
41 |
05 |
01 |
103 |
FONTE: Organizado por Mariley Carla. (pesquisa de Campo realizada nos Bairros)
A partir da leitura do gráfico organizado numa pesquisa de campo fica evidente que as serrarias tem sido o maior órgão empregatício do município de Goianésia do Pará, onde se concentram inúmeros trabalhadores, com uma jornada de trabalho de 08 horas diárias, havendo serrarias que mantém seu ritmo de trabalho 24 horas, ocorrendo simplesmente a troca de turnos, onde uma turma trabalha ao dia e a outra durante a noite. Muitos foram os empreendimentos feitos em Goianésia do Pará no ramo madeireiro.
Contudo o processo migratório se altera também pelo fato que muitos trabalhadores seriam atraídos pela oferta de trabalho das industrias madeireiras que requerem um volumoso número de mão-de-obra e com isso ocorrerá um avanço no município tanto em termos demográficos como econômicos, contribuindo para o desenvolvimento e prosperidade do município.
A economia também gira em torno da agricultura e da pecuária, como já vimos através dos relatos dos imigrantes que hoje residem em Goianésia do Pará, a maioria desses vieram em busca de terra os que conseguiram concretizar esse sonho, estão voltados para o trabalho da terra, com cultivo de produtos agrícolas que se destacam como mais expressivos sendo eles o arroz e a mandioca e ainda exercendo a pecuária que se destaca como uma atividade dinâmica, principalmente o gado bovino de corte que se sobressai aos demais rebanhos, como: suínos, ovinos, caprinos e outros.
Podemos perceber através da figura que essas atividades estão distribuídas por toda área rural do município seja em fazendas de médio ou grande porte.
BAIRRO COLEGIAL
Com a construção da E.E. de 1º Grau Jader Fonteneles Barbalho origina-se um novo núcleo urbano denominado Bairro Colegial, incluindo em sua expansão um dos principais se não o único ponto de lazer da cidade: o campo de futebol “Fabio Mendes” que se apresentava como meio de diversão para a população, que aos domingos se concentrava neste local, onde ocorria a confraternização dos moradores mais antigos com os recém chegados, para troca de experiências num aconchegante momento de entretenimento.
Alguns relatos de moradores antigos dá conta de que houve um momento em que o campo era todo cercado, havia arquibancadas para os torcedores, onde a entrada era cobrada aos domingos em dias de jogo.
Neste bairro além da Escola Municipal de Ensino Fundamental Profº Lucíolo Oliveira Rabelo, se encontram localizados a E. M. E. F. Teoria do Saber que funcionava num prédio alugado e ainda a única escola particular do município o IPAI (Instituto Pedagógico Arco-Íris).
BAIRRO ALTO BONITO
Segundo alguns moradores a localidade da margem direita não se fez muito propício a escavação de poços, pois esse é um terreno pedregoso difícil de ser trabalhado. Mas nem por isso não deixou de ser explorado pelos imigrantes que também fizeram desse local sua moradia.
Esse bairro se mostra mais acidentado, pois se localiza na parte mais alta da cidade, o que sugestionou o seu nome Bairro “Alto Bonito”.
Na parte mais alta do Bairro Alto Bonito foi construída a Igreja Católica.
Construção essa essencial e indispensável em qualquer concentração urbana, onde será o palco da realização dos principais eventos religiosos da comunidade católica, como a homenagem ao padroeiro do município “São João Batista” que ocorre, no período de 22 a 24 de junho, onde são realizados bingos, leilões e outras promoções e ao final do festejo é feita uma procissão seguida da celebração de uma missa que é acompanha por todos os fiéis. Outro momento de fé cristã é a execução da caminhada religiosa de Elineuza e Elizabeth denominada Romaria da Libertação; realizada em 17 de setembro de cada ano, onde a romaria se inicia várias caravanas vindas de várias localidade e recantos paraenses, ao chegar em Goianésia do Pará os romeiros se organizam para concretização da Romaria que se efetiva com a saída dos romeiros de pés até o santuário, que se localiza na PA – 263 direção à Tucuruí, onde foi edificado pela Prefeitura Municipal a pedido da população cristã uma capela com um memorial onde serão guardados os objetos que os romeiros deixam no local em cumprimento de suas promessas.
Todos os moradores são conhecedores do fato e relatam que o crime ocorreu no dia 17 de setembro de 1981, tendo como executor o Soldado Aragão, que assassina o Sr. Vicente no Km 90 da rodovia PA – 70 e ruma para Goianésia do Pará com a esposa do Sr. Vicente e suas duas filhas, onde na PA – 263 a 7 Km do centro de Goianésia ele consumou o crime matando mães e filhas em seguida ateando fogo no carro com as duas meninas dentro. Desde a tragédia, populares começaram a acender velas no local e fazer promessas e sendo atendidos milagrosamente, dando origem a Romaria da Libertação onde a demonstração de fé é incrível, com inúmeros milagres atribuídos as crianças conhecidas como Santa Elizabete e Santa Elineuza. Nesse ano de 2003 foi realizada a XXI Romaria da Libertação.
BAIRRO CENTRO
Primeiro Bairro a surgir no povoado; onde se concentravam as primeiras casas comerciais e o movimento mais intenso de pessoas.
O local de maior movimento se restringia só no trecho do Sâmara na rua União, a rua Soares, que chamava-se rua do mercado a rua JK que se chamava Travessa Alacid. Em um primeiro momento o centro se restringia as ruas citadas por ser este o local de maior movimento do povoado, mais tarde com o avanço das casas comerciais esse núcleo se alarga nos dois sentidos.
De acordo com os relatos dos moradores a “rua principal” torna-se o centro de negociação entre os comerciantes e moradores, que passa a chamar-se Avenida Tancredo Neves, localizada no bairro em questão.
As casas comerciais eram dispostas umas do lado das outras observe a figura. A mesma retrata a principal avenida, Tancredo Neves que segundo relato dos moradores pioneiros é o lugar onde se realizavam as barganhas, as vendas enfim onde se concretizava o Comércio. Para eles a margem esquerda é vista como a “melhor” pela questão do terreno e da disposição desse num local mais próximo aos córregos o que facilitou bastante a escavação de poços que é a única forma de abastecimento de água da cidade. Pode-se afirmar a partir desses pressupostos que este lado da margem da PA – 150 surge primeiro, por se apresentar mais propício a sobrevivência já que desde a pré-história os povos nômades procuravam locais próximos aos rios que lhes serviam não só como fonte de água como também de alimentação.
O Bairro em questão com o passar do tempo, torna-se cobiçado principalmente por grandes comerciantes e empresários imobiliários pelo fato que as melhorias ocorridas no mesmo, valorizam grandemente os imóveis (casas, pontos comercias) restringindo a habilitação a um número pequeno de moradores, senão aos possuidores de poder aquisitivo estável, ocorrendo assim a especulação imobiliária. Portanto no Bairro Centro se concentrará as casas comerciais e as residências dos donos dessas casas comerciais, sendo esses os únicos que conseguem abarcar os gastos exagerados que esses bairros requerem pela sua localidade, ficando perceptível que o espaço urbano será ocupado diferente, isso de acordo com o nível econômico e social das pessoas que se estabelecem no mesmo, ou seja, em município como o de Goianésia do Pará é possível encontrar essa diversificação social, os bairros onde os operários das indústrias madeireiras moram não apresentarão as melhorias;onde residem os empresários donos das madeireiras, o mesmo pode se dizer ao saneamento básico disponibilizado a esses bairros haverá uma grande diferença de saneamento básico de um pro outro. Enfim a posição econômica e social do individuo é que vai demarcar seu território de atuação.
BAIRRO RIO VERDE
“Iniciando os comércios houve a necessidade de Goianésia se transformar em uma cidade, ai surgiu mais situação de abrir a mata, Sr. Adelino conseguiu uma parte da terra dele cortou alguns lotes pro lado do Rio Verde onde a margem esquerda da Rodovia era “melhor” porque a margem direita era um lugar de muito pedra não dava pra cavar poço, então o lado esquerdo a facilidade para se escavar era muito melhor e a terra era mais plana para o plantio”.
Para a maior parte dos entrevistados paralelos ao surgimento do Bairro Centro, inicia-se o loteamento do Bairro Rio Verde, que recebeu esse nome devido ser próximo a um córrego de águas verdes. Neste local já se encontravam instalados alguns dos primeiros imigrantes que aqui chegaram na década de 70, entre eles o Sr. Adelino Brito dos Santos que tinha como sócio de terras Valdemar Jacinto da Silva, que foram responsáveis pelo loteamento do referido Bairro; uma vez que suas terras foram compradas para que fosse concluído a formação do bairro Rio Verde, que devido sua localidade é considerado o Bairro que possui terras mais férteis com abundantes plantações; lembrando ainda que os mesmos doaram a área para construção do hospital, que mesmo após ser construído preexistiam os problemas relativos a falta de uma política de saúde pública, uma vez que a cidade não dispunha de pessoas qualificadas na área clínica.
No entanto embora o prédio estivesse sido concluído e ainda contar com aparelhos necessários para atender minimamente a comunidade, o muito que oferecia as pessoas acometidas de doenças era um atendimento que amenizava o quadro clínico dos mesmos, que na sua maioria se encontravam desprovidas de condições financeiras capazes de custear tanto seu deslocamento para outras cidades próximo uma vez que a única ambulância disponível vivia com defeitos; como para bancar o tratamento especifico para sua doença.
BAIRRO SANTA LUZIA
É sabido que o surgimento das cidades estão ligados aos grandes empreendimentos econômicos a exemplo disso pode-se citar a Usina Hidrelétrica de Tucuruí que cooperou sobremaneira para o surgimento de Goianésia do Pará. Nesse Município também será possível perceber que na ocupação do espaço urbano há diferença na qualidade de vida de um bairro pra outro. Principalmente nos bairros periféricos onde o crescimento urbano desordenado tem ocasionado graves dilemas. Com acentuados fluxos de migrantes rurais para as cidades ou de áreas estagnadas para novas áreas em evolução, observa-se que essas cidades vão enfrentar sérios problemas de demanda por serviços urbanos sem estarem preparadas para atende-la. Os bairros periféricos crescem celeremente através da invasão de terrenos não ocupados, recolocando a questão da propriedade agora a nível urbano .
A belém trabalha as questões de planejamentos urbanos explicitando os dilemas que os habitantes da zona urbana passam quando se acelera o fluxo migratório para uma dada cidade. Essa realidade não se distância em nada das situações vividas num bairro periférico de Goianésia, conhecido como Bairro Santa Luzia que anteriormente pela precariedade, pela falta de saneamento básico, ordenação das construções dos barracos e falta de rede de energia elétrica, levam seus moradores a baixos níveis de sobrevivência; o que atraia muitos ratos para o local, sendo apelidado de “Vila dos Ratos” pois, oferecia condições subumanas de vida.
Este é o bairro mais populoso, pois nele se concentrou um fluxo populacional elevado que apresenta sérias complicações tanto nas condições de moradias, saneamento básico como na distribuição da rede elétrica onde vários barracos utilizam “gatos” para usufruírem de iluminação em suas casas, colocando-os em grandes riscos de vida. Uma dessas situações é perceptível através do registro de uma das ruas do referido bairro, que apresenta todas as características da má distribuição da energia com retrata a figura:
Outro problema marcante era a falta da Coleta do lixo, que era responsável pela proliferação de doenças contaminando a água dos córregos que cortam o bairro e o Rio Verde e que é acesso de todos os moradores que para executarem seus afazeres domésticos fazem utilização desses locais, ainda que tenham o poço; não deixaram de fazer uso da água do rio, ficando expostos a contaminação de doenças através do consumo dessa água.
Contudo ao longo dos anos é pertinente ressaltar que no bairro Santa Luzia ocorreram melhorias básicas que vieram amenizar bastante a má condição de vida que o mesmo oferecia. Dentre essas mudanças, sem dúvida a mais importante foi a regularização e a implementação da energia elétrica proporcionando iluminação das ruas, e a legalização do fornecimento de energia das casas, algumas ruas foram cobertas com seixo, o que veio facilitar a execução de alguns serviços sociais como a coleta do lixo, rondas policiais, construção de escola, posto de saúde, distribuição de água, graças a construção de um poço artesiano.
Pode-se dizer que essas cidades são levadas a crescerem desordenadamente, devido principalmente ao processo de industrialização pelos quais elas se destinam em busca do desenvolvimento que acompanha o capitalismo, e que é imposto por este.
Portanto as fotografias expostas ajudarão a compreender esses problemas sociais de acordo com a distribuição dos bairros e seus desenhos urbanos. Essas desorganizações urbanas impedem muitas vezes que as cidades tenham condições de usufruir de condições de saneamento básico, iluminação, saúde, escolas e outras por não possuírem um planejamento urbano suficiente que dê aparato para se efetuar sua urbanização.
O que vem explicar porque na maioria das cidades a urbanização se processa principalmente nos bairros de classe média, que são melhores distribuídos, apresentando uma infra-estrutura razoável com o mínimo de planejamento urbano. A partir dessa análise sobre o bairro Santa Luzia verifica-se que a estrutura urbana do núcleo preexistente é incapaz de acolher o surto populacional, levando à reprodução de condições de vida a níveis baixíssimos acompanhados de todas as mazelas sociais: pobreza, prostituição e violência
É pertinente ressaltar que embora, a cidade aumentasse sua dimensão espacial, não significa sinônimo de melhorias na sua infra-estrutura urbana, pois esta se apresenta inalterada, ou seja, com as mesmas deficiências de antes e que com e tempo se agravam ainda mais. Onde juntamente com esse crescimento surgem problemas de saneamento, de habitação de equipamento comunitários (escolas, hospitais etc.) demonstrando que a infra-estrutura não tem dado conta de acompanhar o ritmo de crescimento da cidade.
Além desses problemas elencados, outros problemas também fazem parte da realidade urbana de Goianésia do Pará, uma agravante é o descaso dos governantes de Rondon e da crítica situação administrativa do secretário da sub-prefeitura local, os ânimos dos moradores se inflamam a ponto de se revoltarem com as condições que a cidade se encontrava de abandono, tanto na área da saúde como de segurança pública, que com o aumento da população tornasse cada vez mais agravante pois, anterior a esse crescimento da população, os serviços básicos já mostravam inoperantes incapazes de oferecer soluções para os problemas da comunidade.
Essa revolta é perceptível quando ocorre na cidade uma chacina, onde são mortas duas mulheres e uma criança, dentro de sua própria casa. Não havendo nem uma resolução para o caso os moradores se revoltam e em protesto ao abandono que se vêem mergulhados, queimam a delegacia de policia
Entre esse e outros acontecimentos a população começa a engendrar planos de desvencilhar-se do poder político de Rondon, buscando trilhar seus próprios caminhos sendo capazes de decidir seus objetivos.
Todos esses fatos ocorridos que foram explicitados começavam a delinear um novo caminho a ser trilhado pelos habitantes goianesienses, rumando esse povoado para a direção da prosperidade e dando condições a esses de caminharem com suas próprias pernas a fim de tomarem suas próprias decisões políticas, econômicas e sociais.
Esse novo rumo que a cidade almejava é advinda de uma longa trajetória de conquistas e realizações, onde a expectativa dos moradores, é fazer com que Goianésia se transformasse num futuro bem próximo; em uma das mais prósperas cidades do Sudeste Paraense.
EMANCIPAÇÃO DE GOIANÉSIA DO PARÁ
Se analisarmos o surgimento das cidades de um modo geral, percebemos que todas exibem problemáticas diferenciadas. Seja no tamanho, no tipo de atividade e na região que estão inseridas etc. visto que em algumas essas diferenças se apresentarão com mais intensidade, variando de lugar para lugar.
No entanto, o que encontraremos de comum entre elas, e que são genéricos a todas essas cidades; são as mazelas pelas quais eles passam devidos seus problemas como o desemprego, a habilitação, o transporte, o lazer a água, o esgoto, a educação e saúde; que quanto maior for a cidade, mais enormes apareceram as carências.
Goianésia do Pará surgia timidamente, em meio a algumas fazendas até mesmo a alguns municípios.
Estavam construindo a PA – 150 e alguém me avisou que estava surgindo uma vila aqui e que era município de São Domingos do Capim se não me engano, São Domingos do Capim era divisor de águas então toda água que corria para o Capim automaticamente era do Capim… Peguei uma promotora, um delegado e um representante municipal e vim por Tomé Açú, hasteamos a bandeira do município e implantamos aqui uma administração provisória
Nesse período Goianésia se torna pertencente ao município de São Domingos do Capim que se localiza aproximadamente a 700 Km . Toda assistência necessária proveria desta localidade onde o administrador local Sr. Candido do Nascimento de Oliveira se comprometia providenciar de acordo com as necessidades básicas da comunidade naquele momento.
Muito foi feito, casas de alvenaria foram construídas a Escola Governador Alacid Nunes, ainda que tivesse 02 salas também foi feita, a merenda escolar para os alunos e também o pagamento dos professores eram advindos do município de São Domingos do Capim.
A preocupação do administrador era intensa com Goianésia que toda e qualquer oportunidade que este tivesse de trazer até o povoado um deputado estadual para que o lugar obtivesse melhorias, isso era providenciado sem sombra de dúvidas.
No ano de 82 o município de Rondon do Pará, que também pertencia a São Domingos do Capim, adquire sua municipalidade, devido o acelerado crescimento populacional e econômico, a vila acabou elevada à condição de Município, desmembrando-se então de São Domingos do Capim.
Em 1986 Goianésia passa a ser distrito de Rondon do Pará, onde agora deveria prestar obediência. Automaticamente foi instalada neste local uma subprefeitura pelo prefeito de Rondon, com a finalidade de melhor administrar a vila uma vez, que a distância entre os municípios se apresentava como principal obstáculo para os moradores e administradores. Segundo relato dos moradores mais antigos a distância entre ambos os municípios sempre foi para os munícipes um empecilho para o desenvolvimento local.
Os administradores de Rondon do Pará faziam o que podiam para amenizar a precariedade que se encontrava o povoado, a princípio foram enviados pra cá uma caçamba e dois funcionários para ficar trabalhando na época foi o Manoel da Baroneza, o seu Constantino depois vieram o Erasmo Aranha e João Aranha todos eles trabalharam na subprefeitura A subprefeitura funcionava numa casa de madeira à rua Vasco da Gama, a mesma se encontrava em péssimas condições de conservação, a atuação da administração funcionava nesse período com oito funcionários cujo, os mesmos se dividiam nos seguintes cargos: 01 administrador municipal, 01secretária, 01 zelador, 01 motorista, 03 braçais e um vigia do mercado municipal.
No entanto face às necessidades básicas que o povoado exigia pelo seu extenso território este número de funcionários se apresentava insuficiente. Nesta conjuntura os moradores cada vez mais se viam insatisfeitos com as condições de vida, isso decorrente da distância que inviabilizava a concretização de vários benefícios para a referida vila.
Neste contexto, germina em meio a tanto descontentamento a lógica emanciopacionista, sendo esta o meio mais viável para se redefinir o espaço territorial onde a divisão é a forma de legitimar e apropriar-se de seus domínios territoriais. Muitos moradores vão se juntar para reivindicar seus direitos, e com isso iniciam o processo de emancipação de Goianésia do Pará. Engajados nesta empreitada vão estar pessoas de concepções adverdas, até mesmo surgiram aqueles que se mostraram pessimistas e incrédulos na realização deste muito sonhado desligamento.
A partir da apreensão da memória antiga nota-se que neste período havia também um grupo de pessoas que já buscavam justiça social sendo esses componentes da associação de moradores se destacando entre eles Sr. Adelino Brito, Deusdete Alves da Silva, Pedro Alves Feitosa e outros que vieram suceder a CPT que anteriormente se preocupava com essas questões voltadas para o social, como organização dos trabalhadores e composição da associação de moradores a força aumentou fortalecendo seus direitos, muitos se fez pela vila através deste órgão como: melhorias na saúde, onde se conseguiu remédios para serem distribuídos entre os carentes, providencia de enviar doentes para hospitais mais próximos e até esmo a capital, solicitação do posto dos correios, construção de pista de aviões entre outros. Porém no momento de se entrar em consenso houve um pequeno entrave onde os participantes da comissão organizadora do plebiscito: José Mariano (Zé Fininho), Evaldo Mendes, Sebastião Constantino, Sr. Alberto, Dona Cristina, Sr. Manolino, Sr. Olacir Calado, Sr. Bob Borille, Sr. João Baiano, Sr. Mauro Corrêa, Sr. Crisontino Gonçalves, Silvio Slongo, e os membros da associação de moradores não se uniram e esperaram que cada parte interessada viesse aderir ao movimento, como p tempo para se realizar o plebiscito era limitado, seria necessário que as representações individuais e sócias das localidades, construíssem para forjar para construir uma identidade coletiva me relação ao lugar. Esse processo de construção da identidade coletiva se sobrepor as diferenças e antagonismos presente, através de um complexa e difusa trama de simbolismo e da difusão de uma ideologia territorial, visto que, o desenvolvimento total dependeria desta harmonia, ambas as partes foram ouvidas, onde cada uma expôs seu ponto de vista, proporcionando perceber-se que não havia idéias contrarias entre elas, todos naquele momento decisivo almejavam as mesmas conquistas, ou seja, a municipalização do território se apresenta como instrumento fundamental para o ordenamento do espaço local neste contexto de desestruturação urbana a cidade reflete as características da sociedade e ao longo da história compreendemos que ela é o principal local da lutas sociais, onde são expostas as insatisfações de seus habitantes.
Para alguns moradores seria crucial, emancipar-se, porém esse pensamento precisava se tornar um anseio popular, diante dessa perspectiva foram feitas varias reuniões, para se articular como se efetivaria a campanha do plebiscito. O primeiro passo em direção a municipalização seria A criação do consenso em torno da emancipação das localidades de Breu Branco, Novo Repartimento, Goianésia do Pará e Nova Ipixuna, foi fruto de um amplo processo de convencimento da população. Com o objetivo de sensibilizar e mobilizar a sociedade local em defesa do território firam uso das representações que a população tem acerca de seu espaço de vivência e produção. Lançando mão da eficácia simbólica dessas idéias, mobilizaram a população em torno do projeto emancipacionista.
Todo um aparato foi montado para que fosse realizado as propagandas a conscientização era feita através de carros volantes pedindo ao povo que votasse no “sim” para que o município pudesse ter uma melhora, ou seja, mais atenção dos governantes. Para que Goianésia não morresse a mingua O movimento foi se fortalecendo ainda mais a partir das reuniões realizadas nas vilas adjacentes, quando a população foi comunicada. A partir daí, ocorreu uma mobilização coletiva para conseguir o objetivo. O povo era convidado a participar da eleição. Nesse dia havia uma única candidata que era “Goianésia “não tinha fiscal, nem partido, nem concorrente, foi muito emocionante
A população pode contar com o apoio do Deputado Estadual da época Raimundo Temístocles Nascimento Belém, que se destacou como esteio da emancipação entramos em contato com Belém, Ademir Andrade, ai eles nos deram a certeza de que dependia de nos levantar a bandeira da emancipação, então lutamos com todas as forças por ela de imediato foi feito um levantamento de números de eleitores que residiam no povoado em seguida foi organizado o abaixo assinado, cujo mesmo seria enviado a Assembléia Legislativa, pelo já citado deputado Raimundo Temístocles Nascimento Belém, o autor do projeto de Emancipação de Goianésia do Pará, Breu Branco e Novo Repartimento, para que se pudesse avaliar todos os requisitos legais, pois segundo ele somente a emancipação é o meio para se chegar a autonomia e ao desenvolvimento . Essa autonomia e ao desenvolvimento parecia cada vez mais real quando foi propagado a autorização pelo órgão competente para que ocorresse a consulta popular, que culminou com o plebiscito do dia 28 de janeiro de 1991, e que teve o seguinte resultado expresso no quadro.
Resultado Final do Plebiscito
ELEITORES |
VOTOS |
Aptos a votar |
3.105 |
Comparecimento |
1.727 |
Abstenção |
1.378 |
Sim |
1.655 |
Não |
40 |
Brancos |
17 |
Nulos |
14 |
Total de Seções |
10 |
Fonte: NOVOS MUNICÍPIOS PARAENSES. Belém: SEPLAN 1993
Os dados acima mostram que dos eleitores aptos (55%) compareceram, e deste 95,83% disseram sim, deixando claro que a criação do novo município era vontade da maioria.
O município passa ter sua sede na atual vila, que com a sua emancipação consumada oficialmente de acordo com a lei nº 5.686, de 13 de dezembro de 1991, passa a categoria de cidade, denominada Goianésia do Pará. Tendo sua área territorial desmembrada dos Municípios de Rondon do Pará, Jacundá, Mojú e Tucuruí, ficando o município com uma extensão territorial de 7.971, Km², estando o mesmo localizado no Sudeste do Pará, sendo microrregião de Paragominas e fazendo limites com Uliopólis – Norte; Jacundá e Ipixuna do Pará – Sul; Breu Branco e Novo Repartimento – Leste; Dom Eliseu e Rondon do Pará – Oeste.
Realizada a emancipação, o município, adquiri sua autonomia, sendo realizada os levantamentos patrimoniais designados ao município criando, no aspecto jurídico será regulamentado pelos atos e leis do município de Rondon do Pará, e ainda integraria a mesma comarca judiciária do município a que pertencia.
A partir de então surgem ainda mais perspectivas para melhoria a situação política econômica e social do município, com as eleições para ocupar o cargo de administrador local, que culminaria no dia 03 de outubro de 1992, onde se candidatam a concorrência da Prefeitura pelo partido PSDB Sr. Evaldo Mendes (para Prefeito) e Dona Dulce (vice-prefeita), pelo partido PMDB Sr. João Baiano (para Prefeito) e Idalecio (vice-prefeito), pelo partido PSC, Sr. Amario Lopes Fernandes (para Prefeito) e Hortêncio Alves (vice-prefeito), pelo partido PT e PSB, Sr. Manoelino (para Prefeito) e Adelino Brito (vice-prefeito); campanhas, diretórios, comícios, panfletos e tudo mais que os candidatos tivessem direito foi feito, a disputa foi acirrada, todos almejavam chegar ao governo. Porém isso só seria permitido a um candidato, pois somente um sairia vencedor.
É sabido, que o município de Goianésia se encontrava em grandes dificuldades financeiras, e mergulhado numa desestrutura física e social. A partir da municipalidade; novas esperanças brotavam no coração e nas mentalidades de seus munícipes, onde esses com grande expectativa depositavam na pessoa do Prefeito a esperança de ter valorização no poder local, na promoção do desenvolvimento, ou seja, garantir ao município melhoria da qualidade de vida, modificando assim o quadro de exclusão social em que vivia grande parte da população urbana de Goianésia, a fim de solucionar os problemas advindos da demanda cotidiana.
A prefeitura foi instalada no dia 1º de janeiro de 1993, com a posse do prefeito, vice-prefeito e vereadores eleitos no pleito municipal de 03 de outubro de 1992. Sendo Empossados o Prefeito Amário Lopes Fernandes, o vice-prefeito e os nove vereadores, que compuseram a câmara.
Albaniza Sousa de Aguiar PMDB.
Iara Rodrigues Moreira PL.
João Pereira de Souza PSDB.
José Calixto Bezerra PSB.
Manoel Mendes Filho PSDB.
Mª Joseíla Diógenes Urbano PDT.
Valtair de Laia PMDB.
Francisco Mendes PSC.
Raimundo Pereira de Sousa PSDB.
Uma vez que as eleições foram realizadas e os administradores do município já se dessem por empossados, o que restava era arregaçar as mangas e iniciar os trabalhos. O município carecia de muitas medidas que precisavam ser resolvidas mais urgentemente e que aos olhos dos administradores talvez fossem irrisórias, mas para os habitantes faria uma grande diferença, pelo fato que, tudo que se fizesse surtiria um efeito considerável, mediante a necessidade que era grande. Caberia a nova administração fazer de suas atribuições legais fazendo exercer sua autonomia e com isso possibilitar a implantação de uma política condizente com a realidade local.
O primeiro ano de administração foi razoavelmente compensador, tanto para os moradores da zona rural como para a urbana, pois muitos projetos foram empreendidos nestes setores. Alguns foram execução de requerimentos aprovados pelos vereadores em exercício, que foram apresentadas ao poder executivo no decorrer do ano de 1993. Acompanhe alguns desses benefícios disponibilizados a população.
O município necessitava de um número elevado de obras para garantir melhores condições de vida, no entanto não se podia por parte do governo, viabilizar todas as obras de imediato, isso se faria no decorrer de seu mandato. Acompanhe algumas das obras executadas nos mandatos que vieram suceder na 1ª Gestão Municipal que transcorreu de 93 à 96.
CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
O município de Goianésia esta localizada na Mesoregião do Sudeste Paraense, na Microrregião de Tucuruí. Possui uma área territorial de 7,971 km2 e seus limites são:
- Norte: Ipixuna;
- Sul: Jacundá;
- Leste: Abel Figueiredo;
- Oeste: Breu Branco.
Existe na sede municipal, um posto telefônico (TELEMAR), uma delegacia de policia civil, uma agencia de Correios e um terminal rodoviário. O principal acesso é o rio Tocantins e as principais ligações são realizadas com os municípios vizinhos e com Tucurui ( 76 km ), Marabá(170), Belém(292KM).:
O município não dispõe de Comarca nem qualquer agencia bancaria. Integra a Comarca de Jacundá onde também são realizadas as transações financeiras.
A lei que criou o município não estabeleceu distritos, apenas elevou a principal localidade a categoria de cidade, com a denominação de Goianésia do Pará. Atualmente, alem do distrito sede, podemos citar as Vilas de Pitinga, Vila Aparecida, Jutuba, Janarí, e São Benedito.
O município é, ainda hoje, região de intenso fluxo migratório, principalmente por estar bem próximo a Hidrelétrica de Tucurui.
As mobilizações pela autonomia do município proporcionaram o fortalecimento de diversas associações e sindicatos. Com a emancipação, estes movimentos se fortaleceram e hoje, já se articulam na busca de soluções para a resolução dos problemas ambientais locais.
O FPM – Fundo de Participação dos Municípios, em 2000 – foi de R$ 469.733,10.