História

HISTÓRICO

O município de Goianésia Do Pará foi desmembrado do município de Rondon do Pará pela Lei Estadual nº 5.703, de 13 de dezembro de 1991, e instalado em 01 de janeiro de 1993. O nome Goianésia Do Pará deve-se a uma doação do território por parte do proprietário da fazenda que exigiu somente que colocasse o nome de sua cidade natal Goianésia localizada no estado de Goiás.

A cidade cresceu muito nos últimos seis anos, principalmente pela sua localização bem próxima à hidrelétrica de Tucuruí. São dezoito vilas e nos últimos anos algumas “invasões” podem ser observadas ao longo das vias de ligação com outras cidades da região entorno da UHE.

A ATRAÇÃO MIGRATÓRIA PARA GOIANÉSIA DO PARÁ

Quando se fala do surgimento de algumas cidades paraenses logo nos remete imagens de cidades cercadas por rios no meio da mata, onde o único transporte são as canoas e barcos. Porém em se tratando das cidades criadas a partir da década de 80 é comum associarmos o surgimento das mesmas atreladas a execução dos grandes projetos nesta região, como à construção da UHT de Tucuruí, uma vez que esse foi o primeiro grande passo para o aproveitamento do potencial hidrelétrico do Estado, não somente para atender a empreendimento econômicos, como também para suprir as crescentes demandas de outras regiões do país, dentre elas, principalmente, a nordestina.

É pertinente ressaltar também o programa grande Carajás – PGC que foi de fundamental importância para realização de empreendimentos industriais uma vez que proporcionou incentivo fiscal financeiro e de outras naturezas a projetos considerados importantes para o desenvolvimento econômico de sua área de atuação. No entanto para implantação desses empreendimentos foi necessária a construção de uma infra-estrutura que viesse proporcionar sustentabilidade para a execução dos mesmos. Isso só foi possível através da criação de programas especiais sendo um deles o POLAMAZÔNIA (Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia)44 essa estratégia valorizou sobremaneira, as riquezas minerais e o potencial energético regional, esses empreendimentos foram viabilizados particularmente, por grandes empresas estatais como a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a Eletronorte (EN).

Surgem então, a partir de 1981/82 novos núcleos populacionais sendo ao longo das rodovias entroncamentos como Breu Branco, Nova Ipixuna e Novo Repartimento ou na periferia de rodovias existentes e aglomeradas já dotadas de alguma infra-estrutura uma vez que essas foram também formas urbanas bastante difundidas nesse período dos grandes projetos, onde a maioria desses povoamentos surgiam as margens das estradas, postos de gasolina ou canteiro de obras rodoviárias, onde em meio ao surgimento de vários municípios pode-se dar o exemplo de Goianésia do Pará que tem seu povoamento acentuado com a construção da PA – 150, construída com a finalidade de ligar a capital do Estado ao sul do Pará, oportunizando ainda o escoamento dos produtos para outras regiões brasileiras.

No entanto, não se pode falar de Goianésia do Pará sem se reportar ao surgimento das rodovias PA – 150 e PA – 263, uma vez que essas abririam as portas de acesso para todo o sistema de transporte rodoviário dessa região sudeste paraense, permitindo que pontos importantes de nossa maior produção tivessem escoamento através de ligações rodoviárias. Sem contar que essa foi também uma estratégia do governo do estado para suprir a demanda de materiais que a construção da Hidrelétrica de Tucuruí necessitaria, pois mesmo que o rio Tocantins se mostrasse trafegável; no período do verão este não seria a solução, necessitava-se abrir uma rodovia para possibilitar o acesso a Barragem de Tucuruí, uma vez que a transamazônica se mostrava em condições precárias e inviáveis para o tráfego de caminhões pesados.

A medida que a construção da rodovia PA 150 avançava, encontrava cada vez mais, situações constituídas por obras de grilagens; as suas margens instalavam-se posseiros que diziam ter titulação das terras, mesmo sem as ter, pois agora o peso maior era o da especulação onde a construção da PA – 150 se efetua no sentido de uma apropriação rápida e fácil do governo federal, e o órgão responsável pela engenharia agiu, sem vinculação com a o órgão que daria uma ordenação a ocupação do espaço, fugindo assim do controle à ocupação do espaço atravessado pela rodovia, e ao final da implantação dessa rodovia, as áreas de ambos os lados se encontravam ocupados por lavradores, madeireiros e fazendeiros, fundamentalmente em sua essência maranhenses, mineiros, baianos e capixabas. Sendo esses os imigrantes que se estabeleceram e permaneceram neste local atraídos pela oferta de trabalho, o que veio oportunizar que centenas de pessoas ali se instalassem.

Muitos imigrantes inconformados com as dificuldades encontradas nos locais em que vivem se deslocam de sua terra natal em busca de novas possibilidades de melhorar de vida; essa mobilidade da população são responsáveis pelas transformações que ocorrerão na política, na economia dos lugares onde esses vierem se instalar a partir das migrações inter-regionais, caso esse de muitos habitantes que atravessaram para o Pará vindos principalmente do Sudeste do Maranhão atraídos pela existência de mão-de-obra alternativa e complementar na coleta da Castanha.

Essas imigrações se desencadearam com o declínio econômico do nordeste que passa por uma estagnação no seu setor industrial, causando uma repulsão populacional em fins do séc. XIX até a década de 80.

Essa migração Nordestina é propiciada também pela localização territorial, principalmente por aqueles que viviam próximos ao Rio Tocantins que faziam a atravessia deste, indo se instalar no município de Marabá e consecutivamente viriam mais tarde se locomover até os novos municípios que ora surgiam; pela possibilidade de empregos que a criação desses municípios proporcionavam. Percebe-se então uma semelhança entre os primeiros nordestinos que vinham em busca de trabalho na extração da borracha e posteriormente da castanha, com os nordestinos e sulistas que se instalam em Goianésia do Pará em fins da década de 70, estabelecendo aqui um vínculo com a terra, voltados seja para extração vegetal ou para agricultura.

A recuperação da história do surgimento de Goianésia do Pará se tornará possível, a partir do momento que tomarmos como eixo fundamental a memória de seus antigos moradores, através de relatos orais, uma vez que a documentação escrita sobre o assunto se faz escassa, ainda porque esse trabalho se apresenta como pioneiro na realização de mostrar a participação dos imigrantes sulistas e nordestinos que aqui chegaram e que num curto período de tempo edificaram o município de Goianésia do Pará, onde mais tarde lutam para emancipação.

O ano de 1978 ficou marcado na memória dos primeiros moradores de Goianésia do Pará, por ser este o período que começa a surgir o povoado em meio a mata virgem, que futuramente seria modificada pela ação do homem, onde as condições de vida eram difíceis o caminho a ser trilhado se tornava cada vez mais penoso; porém esses migrantes se mostraram persistentes na luta contra as injustiças a eles cometida, e com intuito de vencerem, e de realizarem seu ideal de ser o dono da terra de onde dignamente precisavam trabalhar para tirar seu sustento e o de sua família.

Esses primeiros imigrantes traziam consigo o sonho de possuir seu pedaço de chão, uma vez que em sua terra natal cada vez mais esse sonho se distanciava da realidade.

A chegada até essa localidade foi para muitos penosa, nessa época as estradas eram poucas, na maioria das vezes as pessoas se locomoviam pelos rios, alguns imigrantes chegaram através de barcos. Vejamos o depoimento de um migrante que veio com sua família, o Sr. Crezio Reis de Castro:

Os primeiros grupos que aqui chegaram foram os goianos e os mineiros, que mais tarde foram engrossados por capixabas, paulistas e outros que também vieram com a mesma intenção, “conquista de terra” uma vez que no seu lugar de origem o valor da mesma se tornara exorbitante classificando-a como bem de luxo reservado a poucos que possuía o capital para adquirir-la.

A recordação do Sr. Raimundo Nonato exemplifica isso claramente.Nesse período a posse da terra é uma necessidade primordial na vida daqueles que chegam na região sudeste paraense.

A maioria dos imigrantes que aqui chegaram em busca de terras e de trabalho aqui permaneceram. É o que se conclui a partir de documentos analisados, sendo esses, registros de nascimento de alunos, que se matricularam de 86 a 89, com a finalidade de se fazer um levantamento dos seus estados de origem, ou seja, de sua naturalidade, os estados de origem foram diversificados ficando explicito que o Estado do Maranhão se acentuou mais.

Neste contexto surge Goianésia do Pará, situada no sudeste paraense, ás margens da rodovia PA – 150, onde mais tarde com a abertura da PA – 263, é atraído um fluxo migratório ainda maior para essa região em busca de trabalho. Em pouco tempo a terra disponível ficou escassa gerando alguns conflitos pela posse da terra.

ALGUNS TRAÇOS DA OCUPAÇÃO DE GOIANÉSIA DO PARÁ

A formação urbana da cidade de Goianésia do Pará deve-se principalmente a construção da PA – 150. Segundo informações de alguns dos moradores mais antigos, neste local se encontrava somente mata com algumas clareiras abertas para construir casas e mais tarde currais para cuidar do gado e plantações de roças para atender as necessidades básicas das famílias ali residentes.

Quando a estrada atravessou as fazendas dando acesso onde não havia, começaram a chegar novos moradores alguns vindo das proximidades, outros já de longínquas terras. Esse número de imigrantes se intensifica com as obras de pavimentação da rodovia; levando nessa época a população do lugarejo a crescer desproporcionalmente sugestionando o aumento de casas, ruas, bairros, mesmo que essa população fosse transitória, a movimentação não deixava de ser intensa.

Muitos moradores fixaram-se construindo suas residências de acordo com as oportunidades que lhes “sorrissem”, o que dependia na maioria das vezes de doações de lotes que eram feitos, ou mesmo de chegar e demarcar seu pedaço de chão, erguendo seu barraco ou cerca de madeira.

A cada dia a população aumentava, o crescimento demográfico se dava à revelia de um planejamento urbano, ou seja, as construções habitacionais eram erguidas mesmo sem um acompanhamento técnico esboçado dentro de uma lógica urbanística. O que fica perceptível ainda hoje em alguns bairros pioneiros do lugar.

Como a PA – 150 cortou o local, o vilarejo ficou dividido dando origem as margens direita e esquerda, os bairros começaram a surgir às margens da Rodovia, ficando distribuídos da seguinte forma na margem esquerda (sentido à Belém) foram edificados os bairros: Industrial, Colegial e Alto Bonito e a margem direita no mesmo sentido de Belém os bairros: Centro, Rio Verde e Santa Luzia.

No decorrer do capitulo em questão esboçaremos o ritmo de crescimento de cada um, a fim de explicitar o processo de construção, desenvolvimento e de dificuldades encontradas nesse período e que permanecem até os dias de hoje.

1.1 BAIRRO INDUSTRIAL

No Bairro Industrial, se concentram a maior parte das indústrias madeireiras do município. Sendo o setor madeireiro responsável pelo desenvolvimento econômico da cidade, uma vez que o comércio da madeira estava voltado para os mercados nacional e internacional.

A economia de Goianésia do Pará, é voltada principalmente para o setor primário, onde se destaca o extrativismo da madeira.

A extração da madeira torna-se expressivo setor da economia local, impulsionando vários empresários, sobretudo capixabas e sulistas a virem se instalar no município uma vez que este despontava como grande fornecedor de madeira, e ainda em virtude de seus estados de origem estarem em decadência no setor madeireiro, o que os motivaram a se estabelecerem nesta localidade com suas máquinas e com suas famílias em busca de novas conquistas.

O município conta hoje com 41 industrias madeireiras que estão distribuídas na sua maioria, na zona urbana, sendo que o maior número das mesmas se concentram no Bairro Industrial à rua das indústrias, como fica explicito na figura.

As distribuições das casas, no Bairro Industriais são feitas principalmente no pátio das serrarias para que os empregados de confiança que assumem cargos de responsabilidade estejam permanentes no trabalho e ainda ajudem na fiscalização contra roubos e invasões de vândalos. No entanto, em sua maioria os trabalhadores das serrarias, se concentram nos bairros periféricos devido seu poder aquisitivo ser reduzido, ocorrendo assim às chamadas ocupações espontâneas, onde a diferença da qualidade de vida é visível não apresentando condições mínimas de sobrevivência como água encanada, esgotos e pavimentação.

As casas dos donos de serrarias também se concentram nos arredores da serraria para facilitar o gerenciamento da mesma que exige total dedicação pelo fato, que essas oferecem um número de empregos elevados o que depende de atenção redobrada e de assistência em casos de acidentes contra os empregados e contra o patrimônio.

Ainda vale ressaltar que além do setor madeireiro ter contribuído em larga escala para o aumento abundante do território goianesiense, ele também se tornou o principal responsável para o fornecimento da matéria-prima para construção de um número elevado de casas desses migrantes que aqui chegaram, pelo fato que a indústria madeireira se estabeleceu como fundamental na economia local, já que o município possuía uma grande concentração vegetal, o que fez do mesmo um grande produtor de madeira beneficiada, pronta para construção local como para inter-regional, uma vez que a exportação de madeira beneficiada se fazia constante.

Como o município foi se tornando um grande fornecedor madeireiro de outras regiões, não poderia ter sido mais do que justo também ser destaque no trabalho artesanal em madeira, sendo essa a manifestação cultural que se destaca esboçando belíssimas obras de arte retratadas nos entalhes em madeira que são fabricados nos móveis comercializado no próprio município.

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